Desempenho mais sólido da economia europeia reforça a posição do BCE
A zona do euro apresentou um desempenho econômico acima do esperado no terceiro trimestre, reduzindo as chances de mudanças na política monetária do Banco Central Europeu (BCE) no curto prazo. Dados confirmados pelo Eurostat mostram que o PIB do bloco avançou 0,3% na comparação trimestral, superando a estimativa inicial de 0,2%. Na base anual, o crescimento foi de 1,4%, ligeiramente abaixo do ritmo do trimestre anterior.
Para os analistas do ABN Amro, 2025 tende a ser um ano de resiliência e otimismo moderado. Apesar das pressões tarifárias dos Estados Unidos, a economia da zona do euro conseguiu evitar uma recessão e contrariar previsões de uma desaceleração mais profunda. O banco agora projeta crescimento de 1,4% em 2025 e uma aceleração em 2026, impulsionada pelo aumento dos gastos públicos na Alemanha e pela retomada da demanda interna em um ambiente de juros mais baixos.
O BCE reduziu os juros em dois pontos percentuais até junho, mas interrompeu os cortes à medida que a inflação se aproximou da meta. A expectativa do ABN é de estabilidade nas taxas até 2026–2027, embora exista, no curto prazo, o risco de novos cortes caso a inflação volte a ficar aquém do objetivo. Mais adiante, porém, os riscos podem se deslocar no sentido oposto, para possíveis altas, à medida que 2027 se aproxima.
Ainda assim, o cenário permanece heterogêneo. A Alemanha, maior economia do bloco, caminha para a recuperação, mas em ritmo lento: as exportações seguem enfrentando dificuldades e o comércio global perde tração. O Instituto Econômico Alemão (IW) estima que o PIB do país crescerá apenas 0,1% neste ano, após dois anos de retração, acelerando para 0,9% em 2026. O economista-chefe Michael Grömling descreveu o momento como o de um país “saindo gradualmente de um estado de choque” — definição cautelosa que também sintetiza, com precisão, o atual estágio da economia da zona do euro.